Sound Agriculture aposta no mercado de soja do Mato Grosso com fertilizante foliar e programa de garantia de performance em caso de resultados abaixo do esperado
A Sound Agriculture, agtech americana respaldada por investidores como Bayer, Syngenta, Mosaic e até a Chan Zuckerberg Initiative, está pronta para fincar raízes no Brasil. Depois de conquistar mais de 1 milhão de hectares nos Estados Unidos com seu ativador de solo e expandir operações para a Argentina, a empresa agora mira os produtores de soja do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A estratégia para acelerar sua presença no país envolve o lançamento do fertilizante foliar organomineral Trigger e um ousado programa de garantia de performance no campo: se o produto não entregar o ganho prometido, o produtor recebe o dinheiro de volta.
A chegada ao Brasil coincide com o registro oficial do Trigger, que estreia na safra 2025/2026. Já o Source, ativador de solo carro-chefe da Sound nos EUA, aguarda aprovação regulatória para ser comercializado no país. Thiago Bortoli, vice-presidente e diretor geral para a América Latina, lidera a operação brasileira. Com 25 anos no setor e passagem por gigantes como Bayer e Monsanto, ele descreve a estratégia como “uma forma de estar ao lado do agricultor, compartilhando riscos e resultados”.
Garantia no campo e tecnologia de ponta
Nos testes realizados nas últimas quatro safras com soja, o Trigger apresentou ganhos médios de produtividade de 3 sacas por hectare (cerca de 5%). O produto também está sendo avaliado em milho, algodão e cana-de-açúcar, com resultados que apontam aumentos de até 10% no milho. A tecnologia da Sound se destaca por otimizar o aproveitamento de nutrientes já presentes no solo, combinando potássio, manganês e um extrato vegetal rico em poliflavonoides — substâncias antioxidantes que fortalecem a defesa das plantas contra pragas, radiação ultravioleta e estresses climáticos.
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A proposta de garantia funciona assim: o agricultor aplica o Trigger em parte da lavoura e mantém uma área de controle sem o produto. A diferença de produtividade entre as áreas é medida por plataformas de agricultura digital, como Climate Fieldview (Bayer) ou John Deere Operations Center. Se o incremento não cobrir o custo do produto, a Sound reembolsa a diferença ao produtor no ano seguinte. “Em anos de estresse climático, o Trigger tende a entregar ainda mais, pois melhora a eficiência no uso dos nutrientes”, destaca Bortoli.
Expansão e investimentos bilionários
Com mais de US$ 150 milhões levantados em rodadas de investimento, a Sound conta com o respaldo de fundos como Leaps (Bayer), Syngenta Group Ventures, Mosaic e a s2g Ventures, além da Chan Zuckerberg Initiative, de Mark Zuckerberg. A startup, fundada em 2013 como Asilomar Bio, ganhou tração em 2020 com a chegada do atual CEO Adam Litle e, desde então, se consolidou como uma força na agricultura regenerativa nos EUA.
No Brasil, os produtos serão inicialmente importados, mas a empresa já planeja parcerias para produção local. A expansão para Bahia e Maranhão também está no radar, aproveitando o calendário agrícola mais tardio desses estados. Paralelamente, Bortoli lidera a estruturação da operação na Argentina, onde o Sound DC já é comercializado com foco no milho.
Com tecnologia inovadora, respaldo financeiro robusto e um modelo de negócios que compartilha riscos com os produtores, a Sound Agriculture pretende não apenas vender insumos, mas mudar a lógica da relação com o campo na América Latina.