País recebeu 10% dos investimentos globais do setor no último ano e se destaca por regulação e infraestrutura
Israel se tornou um pólo significativo para o desenvolvimento de proteínas alternativas, representando 10% dos investimentos globais no setor no último ano e com previsão de gerar US$ 2,5 bilhões para a economia nacional até 2030. Essa informação faz parte de um relatório recente publicado pela Autoridade de Inovação de Israel (IIA), em parceria com o Fórum Econômico Mundial e a rede da Quarta Revolução Industrial (C4IR), liderada pelo C4IR Israel e pelo Good Food Institute (GFI) Israel.
O sucesso de Israel nesse campo é atribuído a um robusto cenário de pesquisa, histórico sólido de investimentos públicos e privados, infraestrutura de alta qualidade e uma aceitação significativa por parte dos consumidores. Com um recorde de 15 novas startups, somando 73 no total, Israel atraiu 10% de todo o financiamento de capital de risco no setor, acumulando US$ 1,2 bilhão entre 2014 e 2023, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
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A projeção para 2030 é otimista: espera-se que a indústria de proteínas alternativas crie 10 mil novos empregos, um terço dos quais em manufatura, aumente para mais de 200 empresas e estabeleça mais de uma dúzia de instalações de fabricação. Este crescimento deve contribuir significativamente para a economia israelense através de exportações, salários e impostos.
“As proteínas alternativas surgem como a principal solução para diversos desafios associados aos métodos atuais de produção de carne, incluindo mudanças climáticas, segurança alimentar, biodiversidade e resistência antimicrobiana”, afirmou Alla Voldman, vice-presidente de estratégia e política do GFI Israel. Voldman acredita que a contínua inovação tecnológica e o surgimento de startups oferecendo soluções B2B vão acelerar ainda mais o crescimento do setor.
No início do ano, Israel se tornou o terceiro país do mundo a aprovar a venda de carne cultivada, com a startup local Aleph Farms recebendo aprovação para seu bife Petit Steak de Black Angus. Em 2022, a IIA estabeleceu um consórcio de pesquisa para proteínas alternativas, investindo US$ 18 milhões em três anos, envolvendo 14 empresas e 10 laboratórios acadêmicos. Esse avanço levou as startups israelenses a representarem um quarto dos investimentos privados globais em carne cultivada no ano passado.
A pesquisa e a academia desempenham um papel crucial nesse desenvolvimento. Mais de 70 pesquisadores estão focados em proteínas alternativas em Israel, com dez novos ingressando no último ano. Além disso, quase 300 pesquisadores em áreas relacionadas, como biotecnologia e microbiologia, podem contribuir para o setor. Recentemente, a Universidade Hebraica e o Technion anunciaram planos para criar centros de pesquisa dedicados a sistemas alimentares e proteínas alternativas.
As tecnologias de proteínas alternativas são vistas como avanços deep-tech, impulsionados por pesquisas acadêmicas multidisciplinares. Mais de 50% das startups israelenses neste campo têm suas raízes em pesquisas acadêmicas.
O governo israelense reconheceu a tecnologia alimentar, especialmente proteínas alternativas, como uma das cinco áreas prioritárias de P&D, devido às vantagens comparativas do país, necessidades estratégicas e sua posição como um hub de inovação global. Em 2022, o ministério da agricultura, juntamente com o ministério da inovação, ciência e tecnologia e o GFI Israel, lançou uma chamada para financiar subsídios de pesquisa, resultando em 15 projetos financiados.
No entanto, o setor ainda enfrenta desafios, como a lacuna na cadeia de suprimentos local e restrições orçamentárias quando comparado a economias maiores. Além disso, muitos produtos ainda não atingiram os níveis de sabor e preço esperados pelos consumidores, exigindo mais investimento em pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras.
