Estudo aponta que eventos extremos, como secas e ondas de calor, tornam alimentos básicos mais caros e aumentam riscos à saúde pública
As mudanças climáticas estão provocando uma escalada nos preços de alimentos em todo o mundo, segundo uma pesquisa da The Food Foundation em parceria com o Centro de Supercomputação de Barcelona. O estudo analisou 16 casos em 18 países entre 2022 e 2024, identificando como eventos climáticos extremos têm afetado cadeias produtivas e colocado em risco a segurança alimentar.
De batatas britânicas e vegetais californianos a milho sul-africano, cebolas indianas e o café brasileiro, diversos produtos básicos registraram aumentos expressivos de preço após secas, ondas de calor e chuvas fora de época. Para o café arábica, por exemplo, a seca de 2023 no Brasil – atribuída a um aumento de 10 a 30 vezes na probabilidade devido ao aquecimento global – levou a uma alta de 55% nos preços globais em agosto de 2024. O café robusta também sofreu impacto semelhante, com aumento de 100% em julho, após calor extremo no Vietnã.
Os pesquisadores destacam que alimentos saudáveis já custam, em média, o dobro de alimentos ultraprocessados por caloria. Essa diferença se agrava quando os preços sobem, forçando famílias de baixa renda a reduzir o consumo de frutas, legumes e outros itens nutritivos. O resultado é uma maior exposição a doenças como desnutrição infantil, problemas cardíacos, diabetes tipo 2 e até impactos na saúde mental.
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Na Europa, a seca prolongada de 2022-2023 fez o preço do azeite subir 50% em um ano, com destaque para a Espanha, responsável por mais de 40% da produção mundial. Já na Costa do Marfim e em Gana, ondas de calor intensificadas pelo aquecimento global elevaram os preços globais do cacau em 280% até abril de 2024.
Além dos impactos econômicos imediatos, o estudo alerta que a crise climática pode comprometer sistemas alimentares inteiros, reduzindo a disponibilidade de alimentos nutritivos e agravando a insegurança alimentar em escala global. Esse cenário pressiona governos e organizações internacionais a adotarem medidas urgentes para proteger populações vulneráveis e garantir o acesso a dietas equilibradas diante de um futuro cada vez mais instável.