Uma nova pesquisa sugere uma revolução na indústria alimentícia, mudando o foco das tentativas de recriar carne sem a necessidade de animais. Em vez disso, cientistas da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, propuseram uma abordagem inovadora: um arroz híbrido. Utilizando células-tronco de músculo e gordura bovina, eles incorporaram essas células ao arroz cozido, resultando em um produto com mais proteína, além de ser mais sustenável.
O estudo, liderado por Sohyeon Park e recentemente publicado na Matter, descreve um método que utiliza gelatina de peixe e enzimas comestíveis para fixar e cultivar as células bovinas no arroz. Após pouco mais de uma semana de crescimento em uma placa de Petri, as células são integradas ao arroz, conferindo-lhe um sabor sutil de nozes e umami, semelhante ao da carne. Além disso, o alimento modificado possui um teor proteico superior ao comum, além de adquirir uma tonalidade rosada devido ao meio de cultura das células.
Segundo os pesquisadores, esse método não apenas oferece uma fonte alternativa de proteína e gordura, mas também demonstrou ser ambientalmente mais sustentável do que a produção convencional de carne. O arroz enriquecido com células animais apresentou um aumento de 8% na proteína e 7% na gordura, enquanto as emissões de carbono associadas a esse processo foram calculadas como sendo oito vezes menores do que as da produção tradicional de carne bovina.
No entanto, apesar dos benefícios nutricionais e ambientais, permanece a incerteza sobre a aceitação do produto pelo público consumidor. Comparado à carne cultivada em laboratório, que prometia o mesmo sabor da carne convencional sem os problemas éticos e ambientais da pecuária, o arroz com infusão de células de vaca pode enfrentar resistência por parte dos consumidores.
Embora as startups que produzem carne cultivada tenham inicialmente conquistado atenção e financiamento, a realidade do mercado tem se mostrado desafiadora. Recentemente, duas empresas dos Estados Unidos retiraram o frango cultivado de seus cardápios, indicando uma possível mudança de direção na indústria. A Upside Foods, uma das principais startups do setor, suspendeu planos de construção de uma nova fábrica e está reavaliando sua estratégia de comercialização.
Diante desse cenário, o futuro dos alimentos híbridos permanece incerto. Enquanto alguns enxergam no arroz com células animais uma solução promissora para os desafios da alimentação global, outros questionam sua viabilidade comercial e aceitação pelo público. O caminho para a adoção em larga escala desses novos produtos pode ser longo e complexo, mas a pesquisa da Universidade Yonsei representa um passo significativo na busca por alternativas sustentáveis na indústria alimentícia.
Fonte: Fast Company Brasil