Fruto foi a commodity agrícola que mais se valorizou em 2024 e foodtechs buscam alternativas que contribuam para o meio ambiente e à sociedade
Com a crescente incerteza sobre o futuro do cacau devido às mudanças climáticas, o setor global de chocolate enfrenta desafios sem precedentes. Nos principais países produtores, como Costa do Marfim e Gana, onde cerca de 60% do cacau mundial é cultivado, as plantações estão enfraquecendo e as colheitas estão diminuindo. Diante da perspectiva de desabastecimento, investidores e empresas estão cada vez mais interessados em inovações que ofereçam alternativas ao chocolate tradicional. Desde 2020, cerca de US$ 170 milhões foram destinados a três das principais startups que buscam desenvolver chocolate sem cacau.
Essa escassez fez do cacau a commodity agrícola que mais se valorizou em 2024, com preços atingindo limites não vistos desde a década de 1970. Enquanto isso, o consumo de chocolate continua a aumentar, projetado para chegar a mais de US$ 250 bilhões até o final do ano.
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As foodtechs não estão apenas buscando contornar a escassez crescente do fruto, mas também estão contribuindo para a proteção do meio ambiente. O cultivo de cacau tem sido associado a práticas agrícolas prejudiciais, como o desmatamento, e ao trabalho infantil, destacando a necessidade urgente de alternativas sustentáveis no setor de chocolate. Principal produtor mundial do fruto, entre a Costa do Marfim perdeu 64% de vegetação por causa das plantações de cacau. Mantido o ritmo atual de devastação, até 2030, toda a floresta tropical do país terá morrido.
O mais recente e significativo investimento foi direcionado à Voyage Foods, com sede em Oakland, Califórnia. A empresa, fundada em 2021, levantou US$ 52 milhões em uma rodada de financiamento da Série A+, totalizando um aporte de US$ 94 milhões.
A Voyage Foods desenvolveu uma tecnologia que permite a produção de chocolate sem cacau, utilizando sementes de girassol, uva, grão de bico e outros vegetais. Essa inovação promissora atraiu a atenção da gigante Cargill, que se tornou sua fornecedora exclusiva para o mercado global.
Além da Voyage Foods, outras duas empresas estão se destacando no desenvolvimento de chocolate sem o fruto. A Planet A, com sede em Munique, Alemanha, já arrecadou US$ 43,3 milhões desde sua fundação, também em 2021. Eles produzem chocolate livre de cacau a partir de aveia, buscando reduzir significativamente as emissões de carbono em comparação com a cadeia tradicional de produção de chocolate. Enquanto isso, a California Cultured, nos Estados Unidos, trabalha para isolar as células de cacau com as melhores propriedades organolépticas e cultivá-las em laboratório.