Pesquisa mostra que brownies e produtos lácteos com farinha de tenébrio tiveram boa avaliação sensorial e perfil nutricional superior
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universitat Oberta de Catalunya (UOC), na Espanha, revelou alta aceitação de alimentos enriquecidos com proteína de insetos. A pesquisa avaliou brownies e produtos lácteos pasteurizados formulados com farinha e hidrolisado de larvas de tenébrio (Tenebrio molitor), uma das espécies já autorizadas para consumo humano na Europa.
Os resultados indicaram resposta positiva dos consumidores, especialmente em relação aos brownies. O hidrolisado de tenébrio melhorou a textura — tornando o produto mais macio e elástico — e elevou o valor nutricional, com melhor equilíbrio entre proteínas e lipídios. Segundo os autores, “com a formulação correta, produtos com proteína de inseto podem ser atraentes e ter espaço na nossa culinária”.
Nos produtos lácteos, a combinação de avelã e baunilha obteve o melhor desempenho sensorial, com índice de aceitabilidade de 52,4%. Para a pesquisadora principal Marta Ros, o estudo reforça que “a forma de incorporar a proteína é decisiva para o sucesso. Nem todas as proteínas de insetos têm o mesmo potencial; hidrolisados criam produtos mais funcionais e bem aceitos”.
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As degustações envolveram dois grupos independentes: 21 participantes acima de 60 anos, que avaliaram os laticínios, e 25 pessoas entre 19 e 73 anos, que testaram os brownies. Os resultados motivaram novas pesquisas da equipe, que agora compara biscoitos tradicionais e biscoitos com farinha de tenébrio no contexto da recuperação pós-exercício físico.
O T. molitor se destaca por conter todos os aminoácidos essenciais, além de ser rico em gorduras saudáveis, minerais e vitaminas como B12 e riboflavina. Sua produção também tem baixo impacto ambiental, demandando menos água e terra e emitindo menos gases de efeito estufa do que fontes convencionais de proteína animal.
Embora o consumo de insetos ainda seja raro na Europa, o tema vem ganhando espaço. Em outubro, a Nutriearth inaugurou na França a primeira unidade de produção de vitamina D3 sustentável a partir de larvas de tenébrio, usando tecnologia biomimética patenteada que dispensa solventes e aditivos.
A pesquisa reforça que o futuro da alimentação pode incluir ingredientes até então inusitados — combinando sustentabilidade, nutrição e inovação gastronômica em uma mesma receita.




