Mudança pressiona indústria a reduzir açúcar em milk-shakes, achocolatados e cafés prontos, em meio ao avanço da obesidade no país
O Reino Unido decidiu expandir seu imposto sobre bebidas açucaradas para incluir produtos lácteos e alternativas ao leite com altos níveis de açúcar adicionado — como milk-shakes industrializados, leites aromatizados e cafés prontos para beber. A medida ocorre em um contexto de preocupação crescente com a terceira maior taxa de obesidade adulta da Europa e segue uma consulta pública realizada entre abril e julho de 2025. As empresas têm até 1º de janeiro de 2028 para reformular seus produtos e evitar o novo enquadramento fiscal.
Segundo o governo britânico, muitos desses produtos possuem quantidades de açúcar comparáveis às dos refrigerantes, mas até agora escapavam da cobrança. O imposto atual já levou a uma redução média de quase 50% no teor de açúcar das bebidas abrangidas desde 2018, e a expectativa é que a mesma dinâmica se repita com a ampliação. Bebidas lácteas sem açúcar e alternativas vegetais não adoçadas permanecem fora da regra.
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A mudança também estabelece um limite mais rígido: o teto de açúcar passa de 5 g para 4,5 g por 100 ml. Para especialistas em saúde pública, a redução poderia ter sido mais ambiciosa. Pesquisas citadas pelo governo mostram que a maioria das bebidas já está abaixo de 4 g por 100 ml, o que, segundo críticas, reduz o potencial de estimular uma reformulação mais profunda. O governo também descartou criar uma nova categoria para produtos com mais de 10 g de açúcar por 100 ml, ponto defendido por grupos que argumentam que algumas marcas se beneficiam por manter níveis muito altos sem consequências adicionais.
A medida parte da premissa de que ações voluntárias da indústria não vêm sendo suficientes. A cárie dentária segue como principal causa de hospitalização infantil no país, e especialistas destacam que o imposto tem provocado mudanças estruturais no mercado, com queda no açúcar dos produtos e aumento de vendas de opções reformuladas. Entre 2015 e 2024, as bebidas sujeitas ao imposto registraram elevação de 13,5% no volume comercializado, indicando aceitação crescente por parte dos consumidores.
O governo estima que a ampliação do imposto poderá reduzir a ingestão diária de calorias em milhões entre crianças e adultos, prevenindo milhares de casos de obesidade. Também projeta impacto econômico relevante: cerca de £1 bilhão em benefícios combinados, somando maior produtividade, redução de pressão sobre serviços sociais e economia potencial de até £36 milhões ao NHS, que hoje gasta £11,4 bilhões anuais com problemas associados à obesidade.
A atualização integra um pacote mais amplo de políticas públicas voltadas à prevenção de doenças crônicas relacionadas à alimentação, como diabetes tipo 2, doenças cardíacas e certos tipos de câncer. Para o governo, os dados acumulados em quase uma década de imposto mostram que a combinação entre metas claras e pressão regulatória segue sendo uma das estratégias mais efetivas para impulsionar a reformulação na indústria de bebidas.
