Volume captado entre janeiro e setembro deste ano é 16% menor do que no mesmo período do ano passado
As agtechs brasileiras enfrentam retração nos investimentos este ano, captando R$ 955 milhões entre janeiro e setembro — 16% menos que os R$ 1,142 bilhão do mesmo período de 2023. Mesmo com essa queda, o mercado ainda mostra sinais positivos. A previsão é que, se o último trimestre seguir a tendência dos anteriores, 2024 terminará com um crescimento moderado em relação ao ano anterior. As informações foram obtidas a partir de relatórios da Liga Ventures e de dados analisados pela plataforma Startup Scanner.
Apesar da redução no valor total, o número de rodadas de investimento se manteve estável, com 40 negociações em ambos os períodos analisados. Um ponto relevante é a predominância das rodadas mais avançadas: cerca de 88% do total captado veio de 12 rodadas Série A (R$ 556 milhões), 5 rodadas Série B (R$ 216 milhões) e 1 rodada Série C (R$ 68 milhões).
Além disso, a análise por estágio revela um crescimento de 8% nos aportes para startups em fases iniciais (early stage). Em contrapartida, houve queda de 25% nos investimentos em startups de médio estágio (mid stage) e uma leve redução de 2% nos aportes em rodadas avançadas (Série B em diante).
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As áreas que mais atraíram capital refletem tendências importantes no agronegócio. A categoria de nutrição de plantas lidera com R$ 328 milhões, impulsionada por rodadas individuais de mais de R$ 100 milhões. Serviços financeiros voltados para o agro captaram R$ 225 milhões, seguidos por setores emergentes como proteínas e bebidas alternativas (R$ 53 milhões), comercialização de produtos agropecuários (R$ 50 milhões) e biotecnologia (R$ 49 milhões).
O Brasil manteve sua liderança na América Latina, recebendo 73% dos investimentos direcionados ao setor agtech na região, somando R$ 699 milhões. Especialistas apontam que, diferentemente de outros setores que experimentaram quedas bruscas após o boom de 2021, as agtechs conseguiram sustentar um patamar de investimento quatro vezes maior do que em 2019 e 2020, sinalizando maior maturidade e potencial para expansão futura.
Por outro lado, o ritmo de fusões e aquisições desacelerou em 2024, com apenas duas transações registradas até outubro, contra quatro em 2023. As aquisições recentes se concentraram em áreas como veículos aéreos não tripulados (VANTs), geoprocessamento e proteínas alternativas, refletindo a busca por inovação e diversificação na cadeia agroalimentar.