quinta-feira, 30/10/2025
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Dieta cetogênica pode evitar convulsões de epilepsia

Estudo em ratos indica que o plano alimentar pode reduzir inflamação e reparar danos cerebrais

 

Pesquisadores chineses sugerem que a dieta cetogênica — um plano alimentar com baixo consumo de carboidratos e alta ingestão de gorduras, que induz o corpo a usar gordura como principal fonte de energia — pode ajudar a controlar convulsões em casos de epilepsia resistente a medicamentos. O estudo, realizado com ratos, aponta que o potencial da dieta para proteger a função cerebral ainda é pouco explorado.

A equipe do Hospital Infantil da Universidade Médica de Chongqing investigou alterações na memória, comportamento, estrutura cerebral e inflamação, com foco na via NF-κB, considerada um “interruptor mestre” para processos inflamatórios no cérebro. O objetivo foi entender se os efeitos protetores da dieta estão ligados à supressão dessa via e de suas respostas inflamatórias subsequentes.

“Nossa pesquisa destaca uma mudança crítica na forma como vemos a dieta cetogênica — não apenas como terapia de controle de convulsões, mas como uma ferramenta poderosa para o reparo cerebral”, afirma a Dra. Xiaojie Song, autora correspondente do estudo. “Ao reduzir a inflamação no nível celular, a dieta ajuda o cérebro a se recuperar das consequências a longo prazo das convulsões.”

Evidências em modelo animal

Os cientistas induziram epilepsia em ratos jovens e os dividiram em grupos, com alguns recebendo a dieta cetogênica por sete ou 20 dias. Testes comportamentais mostraram melhora na memória e no aprendizado espacial dos animais que seguiram o regime. A análise microscópica revelou menos danos no hipocampo — área do cérebro essencial para a memória — além de melhor integridade das fibras nervosas e redução de proteínas inflamatórias.

 

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A dieta também se associou à redução de proteínas inflamatórias e à supressão da via NF-κB, indicando que ela não apenas diminui a inflamação, mas também bloqueia sua sinalização na origem. Segundo os pesquisadores, esses achados sugerem um “benefício duplo”: restaurar a memória e reparar danos cerebrais por meio do controle da inflamação em nível molecular.

Aplicações cetogênicas

Além da epilepsia, a equipe afirma que uma dieta cetogênica pode oferecer uma “intervenção valiosa” para outros distúrbios cerebrais que coincidem com inflamação e declínio cognitivo, como a doença de Alzheimer e o traumatismo cranioencefálico.

Pesquisas futuras precisarão explorar a duração desses benefícios, a duração ideal do tratamento e se a combinação de uma dieta cetogênica com agentes farmacológicos poderia amplificar ainda mais seus efeitos — especialmente em populações vulneráveis, como crianças com epilepsia resistente a medicamentos.

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