Michroma aposta em pigmentos fúngicos estáveis ao calor e ao pH como alternativa aos sintéticos
A Michroma, startup que desenvolve corantes naturais por fermentação, anunciou uma parceria estratégica com a gigante sul-coreana CJ CheilJedang (CJCJ) para escalar a produção comercial de seus pigmentos. O acordo permitirá utilizar a infraestrutura global de biofabricação da CJCJ para garantir fornecimento consistente em um momento de crescente demanda por substitutos aos corantes sintéticos.
Segundo o CEO Ricky Cassini, a colaboração também abre acesso à expertise da companhia em aquisição de matérias-primas, processos industriais e conformidade regulatória. “Isso nos permitirá ter escala e uma cadeia de suprimentos diversificada, que é o que as grandes empresas de bens de consumo embalados buscam”, afirmou. A CJCJ já é investidora da Michroma e poderá, no futuro, incorporar os ingredientes em sua divisão de alimentos.
Fungos como alternativa ao Vermelho 3 e Vermelho 40
A Michroma utiliza fungos filamentosos que produzem pigmentos naturalmente vermelhos, estáveis ao calor e ao pH. Para aumentar rendimento e desempenho, aplica técnicas de edição genética como o CRISPR. O produto principal, o Red+, apresenta estabilidade superior a extratos vegetais, como beterraba, que perdem intensidade em processos de pasteurização, panificação e laticínios.
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De acordo com Cassini, o Red+ oferece uma capacidade de coloração exponencialmente maior do que o pó de beterraba, necessitando de menor quantidade para o mesmo efeito visual. Além disso, não carrega o desafio de ingredientes como o carmim, derivado da cochonilha, que é incompatível com dietas vegetarianas, veganas, kosher ou halal.
Demanda crescente e sustentabilidade
A corrida por alternativas aos sintéticos ganhou força após o FDA anunciar planos de retirar gradualmente corantes derivados de petróleo do mercado dos EUA até o fim de 2026. Startups como FUL Foods, Chromologics e Phytolon também investem em fermentação de precisão, vista como solução para garantir desempenho, escala e menor impacto ambiental frente aos corantes vegetais, cuja produção depende de grandes volumes de terra, água e insumos agrícolas.
A Michroma já possui cartas de intenção assinadas com empresas alimentícias e concluiu diversos pilotos pagos. O próximo passo é protocolar a aprovação regulatória do Red+ nos EUA. “Nosso objetivo é começar competindo com as opções naturais, mas, no médio prazo, queremos ser a solução natural mais acessível do mercado”, disse Cassini.




