Financiamento governamental visa aprimorar a capacidade de fermentação dos EUA para fortalecer sua cadeia de suprimentos em cinco áreas
A startup de tecnologia alimentar dos Estados Unidos The Better Meat Co recebeu um investimento de US$ 1,5 milhão do Departamento de Defesa (DoD) dos EUA para expandir sua capacidade de produção de micoproteínas, utilizadas em análogos de carne. O financiamento faz parte do Programa de Fabricação Bioindustrial Distribuída (DBIMP) da agência governamental, que visa aprimorar a capacidade de fermentação dos EUA para fortalecer sua cadeia de suprimentos em cinco áreas principais: alimentos, combustíveis, preparo físico, poder de fogo e fabricação.
A The Better Meat Co utiliza o fungo Neurospora crassa para produzir sua micoproteína Rhiza, ingrediente que serve como base para carne à base de plantas. Este fungo é usado tradicionalmente em alimentos e bebidas fermentadas, como o tradicional destilado do nordeste brasileiro tiquira, o oncom da Indonésia e o queijo Roquefort do sul da França.
A empresa pretende utilizar o capital para expandir sua capacidade de produção e abrir uma nova instalação de bioprodução para seu ingrediente estável, rico em fibras e proteínas.
Paul Shapiro, cofundador e CEO da The Better Meat Co, declarou: “Os Estados Unidos terão uma grande vantagem ao assumir um papel de liderança na biofabricação, especialmente quando se trata de métodos eficientes e inovadores de produção de alimentos”.
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O investimento chega poucas semanas após o ingrediente Rhiza receber uma carta de “nenhuma objeção” da Administração de Comida e Medicamento (FDA), que garantiu ao produto o status de GRAS (Reconhecido como Seguro). No entanto, o produto já estava no mercado há algum tempo, pois a empresa havia obtido o status de GRAS autodeclarado, permitindo o fornecimento do ingrediente de proteína para restaurantes no norte da Califórnia para análogos de carne, como bife, carne assada e foie gras.
Baseada em sua massa seca, a micoproteína Rhiza contém 30g de fibra e cerca de 45g de proteína por 100g, com um índice de digestibilidade de proteína entre 0,87-0,96, semelhante ao da caseína, carne bovina e ovos. Segundo o aviso de GRAS, a micoproteína pode ser usada para criar análogos de carne bovina, suína, de frango e frutos do mar.
Recentemente, a empresa adotou uma abordagem de fermentação contínua, que envolve colocar materiais em biorreatores ao mesmo tempo em que o produto acabado está sendo colhido. Isso permitiu melhorar os rendimentos e reduzir os custos de produção em 30%. Mesmo sem novos avanços em P&D, o ingrediente agora custa o mesmo que carne bovina commodity quando produzido em escala.
Atualmente, a The Better Meat Co utiliza um fermentador de 9 mil litros e planeja usar o subsídio do DoD para ampliar para um vaso de 150 mil litros.
O DBIMP, estabelecido no início deste ano, já concedeu US$ 23 milhões em subsídios para 13 startups, com fundos de até US$ 2,5 milhões destinados a reforçar o potencial de biofabricação dos EUA. As empresas podem solicitar financiamento adicional de até US$ 100 milhões, e o DoD planeja investir em mais de 30 projetos no total.