Estudo alerta que o setor precisa de suporte financeiro e regulamentar para prosperar
A carne cultivada tem o potencial de transformar a economia da União Europeia (UE), gerando até 90 mil novos empregos e contribuindo com €85 bilhões por ano até 2050. Contudo, para que isso aconteça, é necessário apoio significativo dos legisladores. É o que aponta um novo relatório da consultoria Systemiq, em parceria com o Good Food Institute (GFI) Europe, que destaca os benefícios econômicos e ambientais que a carne cultivada pode trazer para o bloco europeu, mas alerta que o setor precisa de suporte financeiro e regulamentar para prosperar.
Em julho deste ano, a startup francesa Gourmey tornou-se a primeira empresa a solicitar oficialmente a venda de carne cultivada na UE, sob as rigorosas regulamentações de “novos alimentos” do bloco. Embora países como Cingapura, Estados Unidos e Israel estejam avançando mais rapidamente no desenvolvimento dessa tecnologia, a UE começou a atualizar suas regulamentações, oferecendo diretrizes mais claras para o setor.
O relatório estima que o mercado de carne cultivada pode alcançar um valor entre €15 bilhões e €80 bilhões até 2050, gerando €40 bilhões em novas oportunidades comerciais. A criação de até 90 mil empregos altamente qualificados seria acompanhada por milhares de empregos adicionais em setores relacionados, como fornecedores e indústrias de suporte.
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Além dos benefícios econômicos, a carne cultivada oferece uma solução sustentável para o sistema alimentar da UE. A produção de carne convencional ocupa 71% das terras agrícolas e é responsável por 84% das emissões de gases de efeito estufa do setor alimentício europeu. A carne cultivada, por outro lado, pode reduzir o uso de terra em até um terço e o consumo de água em 7%, além de evitar 3,5 gigatoneladas de emissões até 2050.
Apesar das oportunidades, a viabilidade da carne cultivada depende de investimentos públicos e mudanças regulatórias. O setor necessita de €5 bilhões em investimentos anuais, com €500 milhões provenientes de fontes públicas, para financiar pesquisa e desenvolvimento e criar infraestrutura de grande escala.
O relatório também defende uma maior transparência no processo regulatório e mais políticas de incentivo. Além disso, o apoio ao desenvolvimento de novos insumos, como materiais para cultura celular, e a redução dos custos de produção são essenciais para que a carne cultivada alcance a paridade de preços com a carne convencional até 2035.