quinta-feira, 30/10/2025
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Tecnologia de células vegetais mira o açafrão como alternativa à crise nas cadeias de suprimento

Krokos Bio aposta em cultura celular para produzir compostos bioativos comestíveis da Crocus sativus, reduzindo riscos climáticos e políticos na produção tradicional

 

 

A escassez de ingredientes botânicos de alto valor, como o açafrão, tem impulsionado novas soluções tecnológicas para garantir estabilidade no fornecimento global. Um dos caminhos mais promissores é a cultura de células vegetais — técnica que permite reproduzir partes específicas de plantas em biorreatores, sem depender de solos férteis, estações do ano ou volumes expressivos de água.

Fundada em 2024, a Krokos Bio, sediada na Califórnia, escolheu o açafrão como primeiro foco. Produzido majoritariamente no Irã, o ingrediente é conhecido tanto por seu sabor e cor intensos quanto pelo preço elevado — com quilos facilmente ultrapassando os mil dólares. A startup desenvolve uma plataforma de cultivo celular capaz de replicar os estigmas da flor Crocus sativus, onde se concentram os compostos mais desejados da especiaria: crocina, picrocrocina e safranal.

Em vez de substituir a agricultura tradicional, a proposta é criar um sistema complementar, que funcione como um amortecedor em momentos de instabilidade. “A maior parte do fornecimento global está concentrada em uma única região vulnerável a secas e choques climáticos. A cultura de células vegetais pode ajudar a proteger essa cadeia”, explica o fundador e CEO Jacob Lang.

 

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A técnica começa com a coleta de amostras da planta, que são desdiferenciadas e transformadas em calos — uma massa de células-tronco vegetais. A partir daí, as células são cultivadas em suspensão líquida e rediferenciadas até que produzam os estigmas do açafrão em condições controladas. Segundo a empresa, uma modificação nesse processo padrão permite acelerar o P&D e aumentar os rendimentos da produção, ponto central para tornar a técnica economicamente viável.

Apesar da complexidade, o alto valor de mercado do açafrão torna o modelo competitivo mesmo em escalas menores. A Krokos projeta custos sustentáveis já em biorreatores de mil litros e busca cofabricantes na América do Norte, Europa e América do Sul para expandir a operação. “Não é uma tecnologia para qualquer produto abaixo de US$ 10/kg, mas para ingredientes raros e sensíveis, o modelo faz sentido desde o início”, diz Lang.

Com o apoio da Big Idea Ventures e o recrutamento da cientista Emma Skoog, ex-California Cultured, a Krokos Bio trabalha para entregar um pó alimentar de açafrão comestível que preserve não só as propriedades culinárias, mas também os benefícios associados ao humor, sono e metabolismo. A ideia é entrar no mercado por meio de parcerias com empresas de ingredientes e distribuidores já estabelecidos — e transformar o que hoje é escasso, sensível e caro em algo cultivável com precisão, estabilidade e previsibilidade.

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