quinta-feira, 21/11/2024
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Estudo do BID diz que mudança climática ampliará inadimplência do agronegócio brasileiro

Pesquisa alerta para um cenário desafiador para os investimentos agrícolas, devido à crescente instabilidade nas safras

 

Um estudo financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lança luz sobre os possíveis efeitos da mudança climática sobre as finanças do agronegócio no Brasil. Conduzido pela Universidade da Califórnia em San Diego em colaboração com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a pesquisa alerta para um cenário desafiador para os investimentos agrícolas, devido à crescente instabilidade nas safras.

Com base em dados de produtividade, receita e empréstimos fornecidos pelo IBGE sobre a Bahia entre 1990 e 2017, e combinando-os com projeções climáticas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), os cientistas modelaram cenários futuros de aquecimento global e seus impactos no agronegócio brasileiro.

“As mudanças climáticas no Brasil devem ter impactos negativos que repercutem em todo o setor agrícola – desde a receita, passando pelo lucro e afetando o desempenho do pagamento de empréstimos dos mutuários agrícolas”, diz o trabalho.

 

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De acordo com o estudo, publicado na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, PNAS, o agronegócio brasileiro enfrentará uma “sazonalidade intensificada” e “choques locais” mais frequentes no futuro, resultando em maior volatilidade de receita e lucro para os negócios. A pesquisa alerta ainda para um aumento da inadimplência no sistema de crédito agrícola em decorrência dessas mudanças climáticas, um quadro que pode se materializar nas próximas décadas.

As simulações, que se estendem até 2040-2070, foram calibradas com dados da Bahia, escolhida por sua representatividade dos diferentes sistemas agrícolas brasileiros, abrangendo desde a produção de grãos no Centro-Oeste até a fruticultura no Vale do Rio São Francisco, bem como a agricultura familiar no semiárido.

Jennifer Burney, líder do estudo, destaca que “o clima é um fator chave para prever a inadimplência”, apontando para uma forte correlação entre crises locais no setor agrícola e variáveis climáticas, principalmente temperatura e chuvas.

Os cientistas também buscaram identificar soluções para os desafios futuros do setor. Entre as recomendações, destacam-se a necessidade de reformas nos serviços financeiros e o fortalecimento das instituições de resseguro para garantir maior resiliência diante das turbulências. Além disso, ressaltam a importância de antecipar problemas relacionados ao acesso à água, fundamental para a agropecuária e suscetível aos impactos da mudança climática.

Burney e seus colegas enfatizam a urgência de ações, citando evidências de que investimentos em infraestrutura de resiliência, como cisternas, podem atenuar os efeitos das flutuações climáticas sobre os pagamentos de empréstimos agrícolas.

Diante desse cenário, o estudo destaca a necessidade de adaptação e de políticas públicas que considerem os impactos da mudança climática sobre o agronegócio brasileiro, visando mitigar os riscos e promover a sustentabilidade do setor.

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