De acordo com relatório do Banco Mundial, práticas acessíveis contribuem para produção mais resistente às mudanças climáticas e abastecimento mais seguro
Enquanto alimenta uma população mundial que deve chegar a 10 bilhões de pessoas em 2050, segundo estimativa da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o sistema agroalimentar global tem a oportunidade de reduzir em quase um terço as emissões de gases de efeito estufa se colocar em prática ações para garantir abastecimentos mais seguros e tornar processos de produção resistentes às mudanças climáticas.
A perspectiva de envolver o sistema agroalimentar na redução significativa dos gases de efeito estufa está descrita no relatório “Receita para um planeta habitável: Alcançar emissões líquidas zero no sistema agroalimentar”, divulgado pelo Banco Mundial. As medidas elencadas pelo documento se agrupam em seis áreas: investimentos, incentivos, informação, inovação, instituições e inclusão.
“Embora a comida na sua mesa possa ser saborosa, também representa uma fatia considerável do bolo das emissões de gases de efeito estufa das mudanças climáticas”, afirma Axel van Trotsenburg, diretor-geral sênior do Banco Mundial. A boa notícia, prossegue o executivo, “é que o sistema alimentar global pode curar o Planeta, tornando os solos, os ecossistemas e as pessoas mais saudáveis, ao mesmo tempo em que mantém o carbono no solo”.
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Apesar das boas perspectivas, Trotsenburg ressalta que é preciso agir imediatamente. “Mudar a forma como os países de rendimento médio utilizam a terra, as florestas e os ecossistemas para a produção de alimentos pode reduzir as emissões agroalimentares em um terço até 2030”, diz.
Segundo o relatório, os investimentos anuais com este propósito precisam aumentar para US$ 260 bilhões por ano para reduzir em metade as emissões agroalimentares até 2030 e para atingir zero emissões líquidas até 2050. Vale lembrar que o dobro deste montante é gasto anualmente em subsídios agrícolas, muitos dos quais prejudiciais ao meio ambiente.
Pelos cálculos do Banco Mundial, estes investimentos gerariam mais de US$ 4 trilhões em benefícios, como melhoria da saúde humana, segurança alimentar e nutricional, empregos de melhor qualidade, lucros para os agricultores e saudabilidade ambiental.
O relatório sugere que países de rendimento elevado deem apoio às economias de médio e baixo rendimentos para que possam adotar métodos e tecnologias agrícolas de baixas emissões, incluindo assistência técnica para programas de conservação florestal que geram créditos de carbono de alta integridade.
Para países de médio rendimento, a recomendação é para que se reduza até três quartos das emissões agroalimentares globais a partir de práticas mais ecológicas, como a redução das emissões provenientes da pecuária e do arroz, investindo em solos saudáveis e diminuindo a perda e o desperdício de alimentos, com utilização mais eficiente da terra.
Por fim, para países de baixo rendimento, o pedido é para que se evitem os erros cometidos pelos países mais ricos. Aproveitar as oportunidades climaticamente inteligentes para economias mais verdes e mais competitivas, preservar e restaurar as florestas para promover o desenvolvimento econômico sustentável, uma vez que mais de metade das suas emissões agroalimentares provêm do desmatamento para a produção de alimentos, são mais que desejáveis.