Segundo Relatório “Fora da Meta”, redução de 60% nas emissões até 2035 seria necessária para limitar aquecimento a 1,5°C
O mundo continua distante de conter o aquecimento global dentro de níveis seguros, revela o novo Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2025: Fora da Meta, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A análise mostra que, mesmo com os novos compromissos climáticos firmados sob o Acordo de Paris, a temperatura média global deve aumentar entre 2,3°C e 2,5°C neste século — uma queda modesta em relação à projeção anterior, de até 2,8°C.
O documento aponta que parte dessa melhora decorre de atualizações metodológicas, não de ações concretas. Com a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, o pequeno avanço obtido tende a ser anulado. Na prática, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas até setembro de 2025 pouco alteraram a trajetória de risco climático global.
Segundo o relatório, o limite de 1,5°C — considerado o ponto crítico para evitar danos irreversíveis — deverá ser temporariamente ultrapassado já no início da década de 2030. Reverter esse cenário exigirá cortes muito mais rápidos e profundos nas emissões de gases de efeito estufa, para minimizar o chamado overshoot e reduzir os impactos sobre vidas, ecossistemas e economias.
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“O aumento temporário acima de 1,5°C é agora inevitável”, alertou António Guterres, secretário-geral da ONU. “Mas isso não é motivo para desistir, e sim para acelerar a ação. O objetivo de 1,5°C ainda é possível — se ampliarmos significativamente nossa ambição.”
Para atingir essa meta, seria necessária uma redução global de 60% das emissões até 2035. O relatório também destaca avanços pontuais: 89% dos países já têm metas que abrangem toda a economia, e 73% incluem planos de adaptação climática.
O chefe de clima da ONU, Simon Stiell, reforçou que o foco deve ser acelerar a implementação das medidas na COP30, que ocorrerá em 2025 em Belém (PA). Segundo ele, “a ação climática precisa ser vista como o motor do crescimento econômico e dos empregos do século 21” — condição essencial para manter o planeta habitável nas próximas décadas.




