All G e Armor Protéines unem biotecnologia e indústria láctea para lançar lactoferrina bovina e humana produzidas por fermentação de precisão já em 2026
A startup australiana All G firmou uma joint venture com a francesa Armor Protéines para viabilizar, em escala comercial, a produção de lactoferrina, tanto bovina quanto humana, por fermentação de precisão. A parceria acompanha uma captação recente de US$ 6,6 milhões, passo que antecede a rodada Série B da empresa.
A lactoferrina, proteína bioativa presente no leite e conhecida por sua ação antimicrobiana, papel imunológico e regulação do ferro, sempre foi limitada por um obstáculo histórico: é preciso milhares de litros de leite para extrair um único quilo do ingrediente. A All G quer mudar essa equação. Ao produzir a proteína em tanques de fermentação utilizando microrganismos geneticamente modificados, a empresa afirma ter superado dois desafios técnicos que bloquearam o avanço do setor — replicar padrões de glicosilação nativos e alcançar rendimentos suficientes para viabilidade comercial.
Segundo a empresa, essa combinação permite entregar lactoferrina com alta pureza, qualidade consistente e custos competitivos, abrindo caminho para novas aplicações em nutrição infantil e adulta, suplementos e cuidados pessoais.
A joint venture aproveitará a tecnologia de proteínas recombinantes da All G e a experiência da Armor Protéines — uma das maiores produtoras globais de lactoferrina bovina — para acelerar a chegada dos produtos ao mercado. O primeiro lançamento será a lactoferrina bovina recombinante no primeiro trimestre de 2026, seguida pela versão humana ainda no mesmo ano.
Por que a inovação importa
A demanda por lactoferrina cresce mais rápido que a oferta global, especialmente em mercados como China e Estados Unidos. Para o CEO da All G, Jan Pacas, a inovação não cria um mercado novo, mas destrava um mercado já existente, limitado pela escassez. Ele destaca que a Armor Protéines já atende grandes fabricantes de fórmulas infantis, nutrição adulta e suplementos — e que esses clientes desejam volumes maiores do ingrediente.
Leia Mais:
- Pesquisa dobra ganho de peso do tambaqui em sistema de tanque-rede
- Dieta vegana mostra resultados superiores na perda de peso em comparação à dieta mediterrânea
- Tetra Pak avança em biotecnologia alimentar com a aquisição da Bioreactors.net
No campo regulatório, a All G já obteve o status GRAS nos EUA para nutrição adulta e possui aprovações comerciais em diferentes categorias na China. A empresa também iniciou a transferência de tecnologia para uma CMO chinesa com experiência em processos farmacêuticos, além de planejar uma segunda operação nos EUA ou Europa.
A lactoferrina humana, que tende a ser mais valorizada, é vista como o ativo mais estratégico. Pacas prevê que, em até dez anos, ela se torne dominante na formulação de fórmulas infantis, acompanhando a tendência iniciada com os oligossacarídeos do leite humano (HMOs), também produzidos por fermentação de precisão.
A All G também domina processos de caseína recombinante, mas afirma que, por enquanto, a prioridade é a lactoferrina — justamente por sua maior atratividade econômica e menor volume necessário para gerar escala.




