Espécies foram selecionadas por pesquisadores da Embrapa e da Universidade da Flórida para integrarem missão internacional da Jaguar Space
O Brasil vai enviar, nesta quinta-feira, 31 de julho, sementes de quatro espécies vegetais para a Estação Espacial Internacional (ISS), integrando a missão NASA Crew-11. O lançamento está marcado para as 13h09 (horário de Brasília), a partir da base do Kennedy Space Center, na Flórida (EUA). A bordo da nave Dragon, da SpaceX, as sementes farão parte da carga útil da missão, junto com os astronautas da tripulação Crew-11, que serão lançados pelo foguete Falcon 9.
Esta é a primeira vez que a Rede Space Farming Brazil participa de uma missão espacial com envio de material biológico. A ação integra a iniciativa “World Seeds”, organizada pela empresa americana Jaguar Space, que reúne sementes de 11 países e cinco continentes para estudos em ambiente de microgravidade. A participação brasileira foi viabilizada sem custos pela Jaguar Space, que ofereceu espaço limitado no experimento: um tubo de apenas oito centímetros de altura e 1,2 centímetros de diâmetro.
A Rede Space Farming Brazil é coordenada pela pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Alessandra Fávero, e reúne pesquisadores da Embrapa e da Universidade da Flórida. As sementes enviadas – fornecidas pela Universidade da Flórida, por meio de um acordo de cooperação com a Embrapa – foram escolhidas por seu porte reduzido e importância estratégica para o Brasil. Foram selecionadas: grama-batatais (Paspalum notatum), morango (Fragaria x ananassa) e duas espécies de orquídeas (Epidendrum nocturnum e Dendrophylax porrectum).
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As sementes ficarão sete dias na Estação Espacial Internacional e retornarão à Terra com a Crew-10. Durante o período, estarão expostas à microgravidade — condição que pode gerar mutações genéticas e fisiológicas relevantes. A expectativa é que esse ambiente provoque alterações que contribuam para o desenvolvimento de características vantajosas para o cultivo em solo terrestre, como maior resistência ou melhor adaptação a estresses ambientais.
No caso da grama-batatais, o objetivo é identificar possíveis mutações que inibam a floração e, consequentemente, a produção de sementes. Essa característica pode reduzir a necessidade de podas frequentes e trazer benefícios para a segurança em aeroportos, ao diminuir o atrativo para aves e outros animais. Já no morango, o foco está em entender o impacto da microgravidade sobre o desempenho das sementes, diante da atual dependência de mudas importadas. Estima-se que o custo da muda represente até um terço do valor total do cultivo, que pode ultrapassar R$240 mil por hectare.
As sementes das orquídeas serão analisadas quanto a possíveis mudanças morfológicas e florais. Além do valor científico, elas são importantes para a biodiversidade brasileira e para pesquisas em biotecnologia vegetal.
A missão também inclui amostras de outros países, como Argentina, Índia, Nigéria, Maldivas e Costa Rica. A hipótese central é que o ambiente espacial ativa novos caminhos moleculares nas plantas, com impacto em seu crescimento, resposta a estresses e adaptabilidade em diferentes ecossistemas.
Sobre o relatório e a missão
A iniciativa da Jaguar Space tem como foco estudar a ativação de genes e vias metabólicas nas sementes antes mesmo da germinação. O objetivo é gerar conhecimento que fortaleça a resiliência das culturas e estimule inovações tanto para a agricultura terrestre quanto para sistemas agrícolas em futuras missões espaciais.
A Space Farming Brazil foi criada oficialmente em 2023, após protocolo assinado entre a Embrapa e a Agência Espacial Brasileira (AEB). Reúne 56 pesquisadores de 22 instituições, incluindo universidades brasileiras e estrangeiras, centros de pesquisa e organizações ligadas à exploração espacial.
A SpaceX vai oferecer transmissão ao vivo do lançamento em seu site, com início cerca de uma hora antes do lançamento.




