Certificação apresentada durante a COP 30 oficializa critérios técnicos para reconhecer produtores que reduzem emissões e adotam práticas de baixo impacto climático
O Brasil deu um passo decisivo na transição para sistemas pecuários de menor impacto ambiental com o lançamento do Selo Carne Baixo Carbono, apresentado em 16 de novembro durante a COP 30. A nova certificação formaliza os requisitos do Protocolo Carne Baixo Carbono (CBC), desenvolvido pela Embrapa em parceria com a MBRF e apoio da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira.
A certificação nasce com o propósito de identificar e valorizar produtores que aplicam práticas agropecuárias capazes de reduzir emissões de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo em que ampliam produtividade e fortalecem a conservação ambiental. Para isso, o protocolo define critérios mensuráveis, auditáveis e baseados em ciência — incluindo integração lavoura-pecuária (ILP), recuperação de pastagens, manejo eficiente do solo e da água e sistemas de intensificação sustentável.
Essas técnicas promovem maior captura de carbono no solo e na vegetação, reduzem impactos climáticos da pecuária e tornam o uso da terra mais eficiente. Do ponto de vista do consumidor, o selo passa a garantir que a carne certificada segue padrões rigorosos de sustentabilidade e atende a processos verificados por auditoria independente.
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Para a ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, a certificação fortalece a adoção das tecnologias previstas no Plano ABC+, agenda nacional para mitigação e adaptação às mudanças climáticas. “O protocolo CBC é um pacote técnico muito completo e ganha ainda mais relevância com esta certificação, podendo posicionar o Brasil como liderança global em agricultura sustentável”, afirma Natália Grossi, analista de cadeias agropecuárias da organização. Segundo ela, os benefícios ao produtor incluem maior produtividade das pastagens, acesso a mercados exigentes e maior resiliência frente às variações climáticas.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, ressalta que o selo consolida uma cadeia mais transparente e alinhada aos desafios ambientais globais. Para ela, o Protocolo Carne Baixo Carbono traduz, em critérios técnicos claros, o compromisso de reduzir emissões e valorizar agricultores que adotam boas práticas agropecuárias. “Trata-se de um avanço que reforça a liderança do Brasil na agenda da agricultura sustentável e na implementação das tecnologias do Plano ABC+”, afirma.
O selo será aplicado inicialmente pela MBRF, que integra o Protocolo Carne Baixo Carbono a seu portfólio multiproteínas. A companhia opera o Programa Verde+, que monitora fornecedores, promove inclusão produtiva e articula ações de redução de emissões. “A Carne Baixo Carbono valida nossos esforços e reforça a integração entre ciência e campo para mostrar que o agro é — e deve ser — parte da solução climática global”, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade da empresa.
A expectativa dos parceiros é que, com a expansão do protocolo e o aumento da adesão de produtores, o selo se consolide como referência nacional e internacional em sistemas pecuários de baixo impacto climático, contribuindo diretamente para as metas de descarbonização assumidas pelo Brasil no Acordo de Paris.




