Competitiveness Compass é um roteiro para impulsionar inovação e descarbonização, colocando a UE na liderança global de tecnologias limpas
A Comissão Europeia anunciou hoje (29) o lançamento do Competitiveness Compass, um plano estratégico que visa reposicionar a União Europeia como um polo global de inovação, tecnologia limpa e crescimento sustentável. A iniciativa surge em resposta ao declínio da produtividade do bloco nas últimas duas décadas e busca eliminar barreiras estruturais que limitam seu potencial econômico.
De acordo com a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, o plano transforma as recomendações do relatório Draghi em uma “rota clara para a competitividade”. “Temos um plano e vontade política. O mundo não está esperando por nós. Agora, precisamos agir com rapidez e unidade”, destacou.
O plano se baseia em três grandes áreas de transformação para tornar a economia europeia mais dinâmica e resiliente. A primeira delas é o fortalecimento da inovação e tecnologia. A UE pretende fechar a lacuna de inovação, promovendo um ambiente favorável para startups e estimulando a liderança industrial em setores estratégicos, como inteligência artificial, biotecnologia e tecnologia quântica. Iniciativas como “AI Gigafactories” e “Apply AI” serão implementadas para acelerar a adoção da inteligência artificial na indústria. Além disso, uma nova estratégia de startups e escalabilidade reduzirá entraves regulatórios, simplificando leis empresariais e tributárias para facilitar o crescimento de novas empresas.
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A segunda área prioritária é a descarbonização aliada à competitividade. Para enfrentar os desafios dos altos preços de energia e garantir a liderança em indústrias sustentáveis, a Comissão propõe um Acordo Industrial Limpo, com um plano estratégico para tornar a Europa mais atraente para a produção industrial, promovendo tecnologias limpas e novos modelos de negócios circulares. Além disso, será implementado um Plano de Energia Acessível, que ajudará a reduzir custos energéticos e acelerar a transição para fontes renováveis. Um Acelerador de Descarbonização Industrial facilitará processos para setores intensivos em energia, como aço, metais e produtos químicos, considerados fundamentais para a base industrial europeia, mas altamente impactados pela transição verde.
O terceiro eixo do plano trata da segurança econômica e da independência estratégica. Para reduzir sua dependência de mercados externos, a UE buscará novas Parcerias de Comércio e Investimento Limpo, garantindo o acesso a matérias-primas essenciais, energia sustentável e tecnologias limpas. Atualmente, o bloco mantém acordos comerciais com 76 países, cobrindo quase metade de seu comércio global. No âmbito interno, a revisão das normas de compras públicas permitirá a introdução de uma preferência europeia para setores e tecnologias estratégicas, reforçando a competitividade da indústria local.
Além desses três pilares, o plano prevê cinco medidas transversais para impulsionar a competitividade da UE. A simplificação regulatória será um dos focos principais, com uma meta de redução de 25% da burocracia para empresas e de 35% para pequenas e médias empresas. O fortalecimento do Mercado Único também faz parte da estratégia, com a modernização de padrões regulatórios para eliminar barreiras internas que dificultam a livre circulação de bens e serviços. No setor financeiro, a criação da União de Poupança e Investimentos Europeus busca estimular investimentos e ampliar o acesso ao capital de risco, garantindo que os recursos disponíveis sejam direcionados para inovação e desenvolvimento econômico. Outro ponto essencial do plano é a capacitação profissional, com um novo programa de qualificação que promoverá educação contínua, requalificação e atração de talentos internacionais para suprir a demanda do mercado de trabalho europeu. Para garantir que todas essas medidas sejam implementadas de forma coordenada entre os países-membros, a Comissão Europeia propõe a criação de um Fundo de Competitividade, que substituirá diversos instrumentos financeiros existentes, simplificando e otimizando o uso de recursos.
O Competitiveness Compass foi anunciado por Ursula von der Leyen em novembro de 2024, com base no relatório elaborado pelo ex-primeiro-ministro italiano Mario Draghi. O documento alertava para a necessidade urgente de mudanças estruturais para que a UE mantivesse sua relevância econômica global, apontando que muitos dos fatores que sustentaram o crescimento europeu no passado já não são mais garantidos para o futuro. A proposta da Comissão busca transformar esses desafios em oportunidades, posicionando a Europa como líder em inovação e sustentabilidade, garantindo crescimento econômico de longo prazo e reduzindo sua dependência externa. Agora, a União Europeia enfrenta o desafio de transformar essa visão em ação, com os Estados-membros alinhados para implementar as reformas necessárias e garantir um futuro mais competitivo e sustentável.