quinta-feira, 30/10/2025
spot_imgspot_img
InícioClimaFlorestas tropicais já sentem os impactos das secas intensificadas

Florestas tropicais já sentem os impactos das secas intensificadas

Estudo internacional analisou mais de 10 mil árvores tropicais e aponta que períodos de estiagem reduzem o crescimento e comprometem a captura de carbono

 

As florestas tropicais, consideradas peças-chave no equilíbrio climático global, já estão sofrendo com os efeitos das secas mais longas e intensas provocadas pelas mudanças climáticas. É o que revela uma pesquisa publicada na revista Science, conduzida por mais de 150 cientistas, entre eles pesquisadores da Universidade Federal de Lavras (UFLA).

O levantamento avaliou mais de 10 mil árvores de 163 espécies distribuídas em regiões como Amazônia, África, Sudeste Asiático e América Central. Os dados mostram que mesmo pequenas reduções no crescimento dos troncos podem ter consequências significativas: uma diminuição de poucos milímetros aumenta em até 10% as chances de morte das árvores.

A engenheira ambiental e professora da UFLA, Ana Carolina Barbosa, destaca a importância do estudo ao quantificar pela primeira vez o impacto da seca em larga escala:

“Observou-se que as árvores apresentam um crescimento de 2,5% a 3% inferior durante eventos de seca, em comparação com anos de precipitação normal. Esse dado já é um alerta, considerando que a tendência é de aumento da frequência e intensidade desses eventos. Pela primeira vez, foi possível calcular o efeito da seca sobre o crescimento dos troncos em toda a região tropical.”

 

Leia Mais:

 

Essa desaceleração no crescimento ameaça o papel vital das florestas tropicais de retirar dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera. Caso a capacidade de captura seja reduzida, haverá maior concentração de gases de efeito estufa, o que acelera o aquecimento do planeta e intensifica fenômenos como ondas de calor, secas prolongadas e eventos climáticos extremos.

Apesar do alerta, os pesquisadores observaram sinais de resiliência: em muitos casos, as árvores conseguiram se recuperar no ano seguinte. Ainda assim, a pressão crescente do desmatamento e da degradação florestal fragiliza essa capacidade. Como lembra Ana Carolina Barbosa, o risco não se limita apenas ao clima:

“Isso coloca em risco não só as florestas em si, mas tudo o que elas representam: abrigo de fauna, espécies ameaçadas de extinção e serviços ecossistêmicos essenciais, como a produção de água e a recarga de lençóis freáticos.”

Diante do cenário, os especialistas reforçam a urgência de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e ampliar a proteção das florestas tropicais para garantir que elas continuem cumprindo seu papel fundamental no equilíbrio do clima global.

RELACIONADAS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

spot_img

Mais lidas

Últimos comentários