Oscilações climáticas impactam produção de cacau, encarecendo ovos de Páscoa e produtos derivados
Com a aproximação da Páscoa, os consumidores brasileiros enfrentam um aumento significativo nos preços dos ovos de chocolate. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) indicam uma alta de 9,52% nos ovos de Páscoa deste ano, acumulando um aumento de 43% nos últimos três anos. Esse incremento supera a inflação geral do período, que foi de 5,26% entre abril de 2024 e março de 2025.
A principal causa desse aumento é a crise na produção mundial de cacau, diretamente afetada pelas mudanças climáticas. Países como Costa do Marfim e Gana, responsáveis por quase 60% da oferta global, enfrentaram safras reduzidas devido a condições climáticas extremas, como secas prolongadas e chuvas intensas. Esses fatores, aliados à baixa renovação das lavouras e à falta de infraestrutura adequada, resultaram em menor produtividade e oferta do produto.
No Brasil, a situação também é preocupante. Regiões produtoras de cacau, como a Bahia, sofreram com condições climáticas adversas, incluindo enchentes e estiagens severas, que comprometeram a produção. Além disso, a incidência de pragas e doenças nas plantações aumentou, agravando ainda mais o cenário.
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Esses desafios na produção resultaram em uma valorização expressiva do cacau no mercado internacional. Em abril de 2024, o preço da tonelada de cacau atingiu US$ 12,26 mil, um aumento de 191% em relação ao início do ano. Essa elevação nos custos da matéria-prima impacta diretamente os preços dos produtos finais, como chocolates e ovos de Páscoa.
Especialistas alertam que, enquanto as questões climáticas não forem devidamente enfrentadas e soluções sustentáveis implementadas, os consumidores continuarão a sentir no bolso os efeitos dessas oscilações na produção de cacau. A tendência é que o chocolate se torne um produto cada vez mais caro, especialmente em períodos de alta demanda, como a Páscoa.