quinta-feira, 17/10/2024
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Primeira zona árida é qualificada e condição de clima semiárido avança no Brasil

Pesquisadores do Inpe e Cemaden confirmam território árido entre Bahia e Pernambuco

 

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento de Alertas e Desastres Naturais (Cemaden) requalificou de semiárido para árido um território de 5,7 mil km2, entre Bahia e Pernambuco. Na prática, a área circunscrita entre Juazeiro e Petrolina é reconhecida hoje como a mais árida do Brasil. Juntamente com a reclassificação do trecho nordestino, estudos destacam que, com exceção do Sul e de porções litorâneas do Sudeste, a maior parte do Brasil está se tornando menos úmida.

O índice de aridez na área nordestina foi calculado levando-se em conta os valores de precipitação divididos pela evapotranspiração potencial da região. A análise se valeu de dados levantados entre 1960 e 2020.

 

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Os cientistas avaliam que a transposição de semiárido para árido no território está associada ao aquecimento global. Sobre a evotranspiração, combinação entre evaporação da água que cai no solo e a transpiração de água pelas plantas, considerada no cálculo para a requalificação da área, o clima quente tem influência direta.

A tendência dominante no Brasil, diante das mudanças climáticas, indica que lugares secos estão se tornando ainda mais secos; as áreas úmidas, menos úmidas. Este panorama inclui também parte da Amazônia, que apesar de guardar o maior estoque de água no País, vem sendo castigada pelo desmatamento progressivo, que contribui para um ambiente mais quente e estiagens prolongadas. Antes dos anos 2000, a Amazônia vivia uma grande seca a cada duas décadas. Em 2005, 2010, 2015 e 2023, foram registrados períodos de estiagem extrema e duradoura.

O surgimento da região árida entre Bahia e Pernambuco não é a única preocupação dos cientistas. Nas últimas seis décadas, a região do semiárido expandiu de 570 mil km2 entre 1960 e 1990 para 800 mil km2, de 1990 a 2020. Este crescimento representa 9,4% do território brasileiro.

Os pesquisadores atentam também para o surgimento de zonas subúmidas secas em dois pontos no Brasil em que não havia esta configuração. Uma dessas áreas está no Pantanal, no oeste do Mato Grosso do Sul. A outra, no norte do Rio de Janeiro.

Ao contrário do que se propaga, a condição de região árida, como a observada na porção do Nordeste, não se configura como área de deserto. No entanto, a requalificação da área, assim como os sintomas que indicam territórios menos úmidos no País, acende o alerta para o enfrentamento das mudanças climáticas e a contenção do reiterado desmatamento que compromete, em prazos não muito alongados, a vitalidade do Planeta.

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