quinta-feira, 21/11/2024
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Mudanças climáticas já representam desafios à produção de alimentos

Necessidade de novas fontes proteicas demanda soluções inovadoras que vêm sendo proporcionadas por startups

 

As mudanças climáticas, alinhadas ao aumento populacional, configuram um desafio global à produção de alimentos. Até 2050, com a população mundial chegando a 10 bilhões de pessoas, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) considera a necessidade de disponibilizar 70% mais alimentos. Diante de eventos climáticos extremos, o cumprimento desta meta se condiciona a ações que otimizem ecossistemas de produção e também o cardápio das populações.

Levantamento realizado pela FAO indica que em 2014 foram produzidos no mundo 2,5 gigatoneladas de grãos em 1,4 gigahectares, e 316 megatoneladas de carne em 3,4 gigahectares. Para atender à demanda futura por alimentos, pesquisadores consideram a necessidade de produzir, entre 2010 e 2050, mais 1 gigatonelada de grãos e mais 200 megatoneladas de carne anualmente.

 

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Em evento organizado pela Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), que convidou Janete Yellen, secretária do Tesouro dos Estados Unidos, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, alertou sobre a capacidade do Brasil de produzir alimentos, diante dos impactos das mudanças climáticas. “Nós acabamos de identificar, por estudos científicos, áreas de deserto já no Brasil. Expansão da área de baixa umidade em várias regiões do nosso país. Ou seja, para o Brasil continuar ajudando na segurança alimentar do Planeta, vamos precisar fazer o dever de casa em relação ao clima”, afirmou à Agência Brasil.

Ministra do Meio Ambiente, Marina SilvaDe acordo com a ministra, a falta de alimentos tem potencial para desregular a economia global e gerar instabilidades geopolíticas. “Nós temos outro problema, que é a questão do risco de uma inflação global que pode ser causada também por insegurança alimentar em função da mudança climática”, disse. “Geralmente, se faz a associação, muito rapidamente, entre risco de inflação e risco de instabilidade econômica, geopolítica, associado à energia. Mas vamos pensar que esse risco talvez seja até maior em relação à segurança alimentar”, completou.

Diante de um cenário transformado pelas mudanças climáticas, o momento é de colocar em prática sistemas que valorizem a sustentabilidade, a agricultura regenerativa para a conservação da biodiversidade e do meio ambiente, ao mesmo tempo em que se priorizam a saúde e o bem-estar.

Menu diversificado

O desafio também é formular novos alimentos nutritivos, ingredientes, texturas e sabores que transformem o cardápio do consumidor. É com esta proposta que a Hakkuna, startup sediada em Piracicaba (SP), desenvolve produtos à base de insetos comestíveis.

Fonte de vitaminas e minerais, ômegas 3 e 6 e fibras, o grilo, ingrediente principal da Hakkuna, é criado sob rigorosos padrões sanitários. Desidratado e moído, entra na composição de uma farinha nutritiva com até 70% de proteína. Se comparado ao salmão, o alimento supera o peixe em vitamina B12.

No Exterior, o grilo tem grande aceitação no mercado de alimentação saudável. No Brasil, a proposta da Hakkuna é oferecer uma farinha que remete ao sabor das nozes para ser adicionada ao açaí, ao shake, às vitaminas de frutas e mesmo às refeições. Outras apostas da startup são as barras de proteína e os snacks à base de proteína de grilos.

De acordo com levantamento da ONU (Organização das Nações Unidas), os insetos compõem o cardápio de quase 2 milhões de pessoas em todo o mundo. A necessidade proteica das populações até 2050 deve ampliar, em muito, o consumo destes alimentos nutritivos e sustentáveis.

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