Iniciativa é parte de um esforço para minimizar o desperdício no setor e promover a produção sustentável de alimentos
O governo alemão concedeu um financiamento de € 2,6 milhões ao projeto da startup Infinite Roots em parceria com a Universidade de Tecnologia de Hamburgo para desenvolver uma tecnologia inovadora que transforma soro de leite, subproduto da indústria láctea, em um ingrediente valioso por meio do cultivo de micélio. A iniciativa é parte de um esforço para minimizar o desperdício no setor e promover a produção sustentável de alimentos com base em fungos.
O soro de leite, líquido residual da produção de queijos, representa o maior subproduto do setor lácteo, com 180 a 190 milhões de toneladas produzidas anualmente. Embora parte desse material seja reaproveitada na fabricação de proteínas e alimentos funcionais, uma grande parcela ainda é descartada, gerando custos elevados e impactos ambientais. Quando não tratado adequadamente, o soro pode contaminar solos e águas subterrâneas devido à sua alta carga orgânica.
O projeto visa reverter essa situação, utilizando o soro como substrato para o cultivo de micélio – a estrutura radicular de cogumelos que está ganhando popularidade na produção de alternativas à carne e alimentos sustentáveis.
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A Infinite Roots já utiliza resíduos da indústria cervejeira para cultivar micélio, que é transformado em análogos de carne. A proposta de usar soro de leite como alternativa abre caminho para novas combinações de sabores e pode reduzir ainda mais os custos de produção.
Embora os produtos atuais da startup sejam veganos, a inclusão de soro no processo significa que futuras criações não poderão ser classificadas como tais. Ainda assim, a empresa vê nessa combinação uma oportunidade para desenvolver alimentos altamente nutritivos e sustentáveis.
Com o mercado de micélio em expansão e estimado em ultrapassar US$ 6,5 bilhões até 2032, Infinite Roots trabalha para obter aprovação regulatória na Europa e expandir suas operações na Ásia e nos Estados Unidos, onde já possui status de segurança (GRAS) junto à FDA. A startup também colabora com fabricantes de alimentos para lançar produtos iniciais em categorias selecionadas e planeja ampliar a distribuição em breve.
Além do desenvolvimento tecnológico, a Universidade de Tecnologia de Hamburgo lidera uma iniciativa educacional voltada para jovens pesquisadores, promovendo conscientização sobre o reaproveitamento de resíduos e tecnologia alimentar sustentável.