quinta-feira, 30/10/2025
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Bactéria intestinal pode prevenir complicações na gravidez, aponta estudo de Cambridge

Pesquisadores identificam que o microrganismo Bifidobacterium breve regula a placenta e abre caminho para terapias probióticas voltadas à saúde materna e fetal

 

 

Uma pesquisa da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, revelou que a bactéria intestinal Bifidobacterium breve, presente naturalmente no corpo de gestantes, tem um papel decisivo na regulação da placenta e na produção hormonal essencial para uma gravidez saudável. Segundo os autores, é a primeira vez que se comprova essa relação direta entre o microbioma intestinal e o funcionamento da placenta.

O estudo, publicado no Journal of Translational Medicine, foi conduzido com camundongos prenhes. Os animais que não possuíam B. breve apresentaram maior número de complicações — incluindo restrição do crescimento fetal, hipoglicemia e perda gestacional. Já aqueles com a bactéria ativa tiveram placentas mais eficientes na absorção e no transporte de nutrientes, como aminoácidos e lactato, além de maior produção de hormônios essenciais, como prolactinas e glicoproteínas específicas da gravidez.

Para os cientistas, as descobertas abrem novas possibilidades de diagnóstico precoce e prevenção de condições como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e aborto espontâneo. “Nossos resultados revelam uma forma totalmente nova de avaliar a saúde da gestante e do feto, observando o microbioma intestinal da mãe”, afirma o Dr. Jorge Lopez Tello, primeiro autor do estudo.

 

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A pesquisa também mostrou que a presença de B. breve alterou mais de 150 processos biológicos e 400 proteínas associadas ao metabolismo e à regulação celular. Os pesquisadores destacam que, embora o estudo tenha sido feito em camundongos, os resultados têm forte relevância para a saúde humana — já que a bactéria é naturalmente encontrada no intestino, mas pode ter seus níveis reduzidos por fatores como estresse e obesidade durante a gravidez.

“É empolgante pensar que microrganismos benéficos como o Bifidobacterium, que já contribuem para a saúde intestinal e imunológica, possam também melhorar os resultados da gestação”, afirma a professora Lindsay Hall, da Universidade de Birmingham. A equipe acredita que o uso de probióticos específicos pode se tornar uma alternativa natural e segura às terapias convencionais, promovendo o bem-estar da mãe e do bebê.

A relevância da B. breve reforça a crescente atenção científica ao papel do microbioma na saúde feminina e reprodutiva. À medida que o campo da biotecnologia avança, probióticos personalizados podem se consolidar como ferramentas promissoras para reduzir complicações gestacionais e otimizar o desenvolvimento fetal — unindo ciência e natureza em favor de uma maternidade mais saudável.

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