Pesquisa australiana destaca o papel das leguminosas na redução de deficiências globais de micronutrientes
Um estudo realizado pela Universidade de Adelaide, na Austrália, revelou que grão-de-bico e lentilhas, especialmente na forma de farinhas, são fontes superiores de micronutrientes, como zinco e ferro, quando comparados a cereais como trigo e aveia. Publicada na Food Composition and Analysis, a pesquisa explora maneiras de melhorar a biodisponibilidade de nutrientes em alimentos disponíveis no mercado, com o objetivo de enfrentar deficiências globais de micronutrientes.
De acordo com Thi Diem Nguyen, pesquisadora da Escola de Agricultura, Alimentos e Vinhos, as leguminosas apresentaram uma concentração mais elevada de zinco e ferro, além de maior biodisponibilidade, em comparação aos cereais analisados. “Produtos de leguminosas, como grão-de-bico e lentilha, são excelentes fontes de micronutrientes e oferecem vantagens significativas para a saúde”, explica Nguyen.
A pesquisa também identificou que fatores antinutricionais presentes em grãos de cereais, como os fitatos, podem limitar a absorção de minerais essenciais. Isso torna as leguminosas uma alternativa mais eficiente para indivíduos que enfrentam deficiências de micronutrientes, especialmente crianças e gestantes, que possuem necessidades nutricionais elevadas.
Saúde Pública
A Food Standards Australia New Zealand recomenda a fortificação de alimentos com zinco e ferro para combater carências nutricionais. A Dra. Stephanie Watts-Fawkes, líder do estudo e pesquisadora no Waite Research Institute, reforça que a fortificação, seja através de fertilizantes ou adição direta durante o processamento, pode ampliar a disponibilidade de nutrientes essenciais em alimentos amplamente consumidos.
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Watts-Fawkes destaca que os resultados confirmam o potencial das leguminosas para atender às necessidades nutricionais recomendadas. “A superioridade dos produtos de grão-de-bico e lentilha em relação aos cereais está diretamente associada à maior biodisponibilidade de minerais, tornando-os uma opção preferencial para enfrentar deficiências globais de zinco e ferro.”
Caminhos para o futuro
Além de evidenciar a superioridade nutricional das leguminosas, o estudo abre portas para novas pesquisas. Watts-Fawkes aponta que a equipe está investigando métodos para aumentar ainda mais a biodisponibilidade de nutrientes. Estratégias incluem o desenvolvimento de cultivares com baixo teor de fitatos, otimização de métodos de processamento e estudo das interações entre micronutrientes em diferentes alimentos.
Pesquisas anteriores já haviam indicado que a inclusão de leguminosas na dieta pode melhorar a qualidade alimentar e aumentar a ingestão de nutrientes deficitários em populações vulneráveis. Este novo estudo reforça o papel das leguminosas como aliadas essenciais na luta contra deficiências nutricionais globais.