Setor testemunha crescimento em financiamento, participação de grandes empresas e apoio a pequenos agricultores
Em 2024, a agricultura regenerativa registrou avanços significativos, especialmente no que diz respeito ao financiamento, ao engajamento de grandes corporações do agronegócio e ao suporte a pequenos produtores.
Financiamento para a transição regenerativa
Nos Estados Unidos, a Mad Capital lançou o Perennial Fund II, com meta de arrecadar US$ 50 milhões, contando com o apoio inicial de fundações como Rockefeller, Builders Vision e Schmidt Family. Esse fundo visa fornecer capital para agricultores que desejam adotar práticas regenerativas, suprindo uma lacuna financeira crucial para a expansão dessas técnicas.
Na Europa, a HeavyFinance anunciou um fundo de €50 milhões (US$ 54 milhões) para apoiar pequenos e médios agricultores na transição para a agricultura regenerativa. De acordo com uma pesquisa da Comissão Europeia de 2023, 83% dos agricultores da UE enfrentaram aumento nos custos de produção, mas apenas 12% conseguiram elevar significativamente seus preços de venda. O déficit de financiamento no setor agrícola europeu é estimado em €62 milhões (US$ 67 milhões).
Fundos e investidores em agricultura regenerativa
Gestoras de ativos naturais, como a Sustainable Land Management (SLM), relataram um crescimento de 40% nos ativos sob gestão em 2024, refletindo o crescente interesse de investidores em projetos de agricultura e silvicultura regenerativas. Paul McMahon, sócio-gerente da SLM, destacou que há um número crescente de investidores interessados em apoiar essas iniciativas, indicando um reconhecimento crescente da importância dessas práticas.
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Na América Latina, a Astarte Capital Partners, sediada no Reino Unido, iniciou uma parceria com a gestora de investimentos chilena Toesca para estabelecer uma plataforma de investimentos focada em agricultura regenerativa, especialmente em culturas permanentes no Chile.
Participação de grandes corporações do agronegócio
Empresas como a Archer Daniels Midland (ADM) comprometeram-se a eliminar o desmatamento em suas cadeias de suprimentos até 2025 e a engajar 1,6 milhão de hectares em práticas de agricultura regenerativa globalmente no mesmo período. No Brasil, a ADM lançou um programa piloto em parceria com a Bayer S.A., abrangendo 20 mil hectares em 20 fazendas, com o objetivo de promover práticas como redução de insumos químicos, plantio direto e uso de culturas de cobertura para melhorar a saúde do solo e a retenção de água.
Perspectivas para 2025
Espera-se que o crescente apoio financeiro e o engajamento de grandes empresas impulsionem a adoção de práticas regenerativas em 2025. Iniciativas como o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas do governo brasileiro visam recuperar áreas degradadas para aumentar a produção agrícola sem necessidade de desmatamento adicional. No entanto, desafios permanecem, incluindo a necessidade de maior transparência e compromisso por parte dos principais comerciantes de soja e a implementação de políticas eficazes para proteger biomas como o Cerrado.
A transição para uma agricultura mais sustentável dependerá de esforços conjuntos de agricultores, investidores, corporações e formuladores de políticas para promover práticas que beneficiem o meio ambiente e as comunidades locais.