Secas e ondas de calor impactam produção agrícola, encarecendo produtos essenciais como café e azeite de oliva
Em 2024, os consumidores brasileiros enfrentaram aumentos significativos nos preços de diversos alimentos, impulsionados por eventos climáticos extremos que afetaram a produção agrícola nacional e internacional. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação acumulada no setor de “alimentação e bebidas” foi de 6,44%, superando o índice geral de 4,29%.
O café moído destacou-se com uma inflação acumulada de quase 33% no ano, registrando aumentos mensais consecutivos. As regiões produtoras no Brasil, como Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, enfrentaram ondas de calor e estiagens severas, comprometendo a produção. Além disso, o Vietnã, segundo maior produtor mundial, sofreu com secas históricas seguidas de chuvas intensas, contribuindo para a elevação dos preços no mercado internacional.
O azeite de oliva também registrou alta expressiva, com um acréscimo de 21,6% nos preços em 2024, após já ter aumentado 37,1% no ano anterior. A produção de azeitonas na Europa, especialmente em países como Itália, Espanha, Grécia e Portugal, foi severamente afetada por temperaturas acima de 40 °C, resultando em queda significativa na produção e aumento dos preços globais.
Leia Mais:
- IA transforma indústria de alimentos desde a produção até o consumo
- Agro brasileiro busca inovação para auxiliar no combate às mudanças climáticas
- FAO destaca como insetos ajudam a salvar lêmures em Madagascar e inspiram soluções sustentáveis
Especialistas alertam que o calor é o fenômeno climático mais perigoso para a agricultura mundial. Estudos indicam que a inflação relacionada ao calor pode elevar os preços dos alimentos em até 3% ao ano até 2035. Para cada aumento de 1 °C na temperatura mensal, a inflação nos preços dos alimentos tende a subir cerca de 0,2% no ano seguinte, desconsiderando outros fatores como conflitos e recessões globais.
A intensificação de eventos climáticos extremos em intervalos cada vez menores representa um desafio crescente para a produção agrícola e a estabilidade dos preços dos alimentos. A necessidade de ações eficazes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas torna-se cada vez mais urgente, visando proteger a segurança alimentar e a economia dos consumidores.