Secas, calor e instabilidade na produção elevam preços e acendem alerta sobre os impactos das mudanças climáticas na bebida mais popular do mundo
No Dia Mundial do Café, celebrado em abril (14), os amantes da bebida enfrentam uma realidade amarga: os preços do café dispararam devido a condições climáticas desfavoráveis nos principais países produtores, Brasil e Vietnã. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), essas adversidades têm causado interrupções significativas na oferta global do produto.
Em 2024, o Vietnã sofreu uma seca prolongada que resultou em uma redução de 20% na produção de café. Simultaneamente, o Brasil enfrentou temperaturas elevadas e falta de chuvas, levando a sucessivas revisões para baixo nas estimativas de safra. Inicialmente, previa-se um aumento de 5,5% na produção brasileira; contudo, as estimativas foram ajustadas para uma queda de 1,6%.
Essas condições climáticas extremas afetaram diretamente os preços do café. Dados da FAO indicam que, em dezembro de 2024, os preços do café arábica estavam 58% mais altos em comparação ao mesmo período do ano anterior, enquanto os preços do robusta aumentaram 70%.
O impacto dessas elevações de preços é sentido pelos consumidores. Relatórios apontam que choques nos preços do café levam cerca de um ano para serem repassados integralmente ao consumidor final, com efeitos residuais que podem durar pelo menos quatro anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, 80% dos aumentos nos preços do café verde são transmitidos aos consumidores em oito meses.
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Além das questões climáticas, a crescente demanda global por café tem pressionado ainda mais os preços. A recuperação econômica pós-pandemia impulsionou o consumo, especialmente em mercados emergentes, exacerbando o desequilíbrio entre oferta e demanda.
Diante desse cenário, produtores de café estão buscando alternativas para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. No Brasil, alguns agricultores têm investido em sistemas de irrigação para garantir a produtividade das lavouras. No entanto, esses investimentos são onerosos e nem todos os produtores têm acesso a tais recursos. 
As perspectivas para o futuro próximo indicam que, se as condições climáticas adversas persistirem nas principais regiões produtoras, os preços do café podem continuar em trajetória ascendente. Especialistas alertam que é essencial adotar práticas agrícolas sustentáveis e investir em tecnologias resilientes ao clima para assegurar a estabilidade da produção e conter a volatilidade dos preços.
Neste Dia Mundial do Café, é crucial reconhecer a interdependência entre clima, produção agrícola e economia global. As mudanças climáticas não afetam apenas os produtores, mas também têm implicações diretas para consumidores e mercados em todo o mundo.