*Tirso Meirelles
O setor agropecuário brasileiro chega a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 30/UNFCCC, nas siglas em inglês), com um papel que vai muito além da produção de alimentos. O campo, que, historicamente, foi visto apenas como fornecedor de commodities, apresenta-se, hoje, como parte ativa da solução climática. Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Instituto Pensar Agropecuária (IPA) têm sido protagonistas na formulação de propostas concretas, baseadas em ciência e inovação, para consolidar o País como líder mundial na integração entre produtividade, conservação ambiental e mitigação das emissões. Essa participação demonstra maturidade institucional e reforça que o agro brasileiro não é o problema; é parte essencial da resposta aos desafios globais do clima.
As contribuições do setor para a COP 30 têm como base um histórico de avanços técnicos e ambientais. O Brasil possui um dos modelos produtivos mais sustentáveis do Planeta, com 66% de seu território preservado, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e uma agricultura que ocupa menos de 30% da área nacional. Iniciativas como o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas Visando à Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura para o ciclo de 2021 a 2030 (Plano ABC+) e o Programa de Regularização Ambiental (PRA) e a adoção de tecnologias como o Sistema Plantio Direto (SPD), a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e o manejo de precisão são exemplos de como o País vem conciliando aumento de produtividade com redução de emissões e recuperação de solos degradados. A CNA, com apoio técnico-científico, vem articulando junto a produtores e pesquisadores um pacote de medidas que inclui financiamento climático, Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e estímulo à transição para uma economia rural de baixo carbono.
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Nesse cenário, lideranças parlamentares associadas ao agronegócio têm defendido, de forma técnica e pragmática, a importância de uma legislação que valoriza quem produz e conserva — e não quem paralisa o País com visões ideológicas desconectadas da realidade do campo. Ao levar essa visão à COP 30, o setor pretende mostrar que a sustentabilidade não se faz com discursos, mas com práticas mensuráveis, responsabilidade produtiva e equilíbrio entre os eixos econômico, ambiental e social. Trata-se de reafirmar o compromisso do agro com a agenda climática global sem abrir mão da soberania alimentar e do desenvolvimento nacional.
A COP 30 representa uma oportunidade ímpar para o Brasil demonstrar ao mundo que é possível crescer preservando, produzir respeitando e liderar com exemplo. O agro brasileiro, que alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no Planeta, quer, agora, ser reconhecido também como o setor que mais contribui para a mitigação dos impactos climáticos. A presença de outras instituições do agronegócio nesse debate internacional, que começa na Conferência, agora em novembro, e irá se estender por todo o ano, mostra que o País está pronto para transformar conhecimento e tecnologia em soluções globais. Mais do que buscar reconhecimento, o Brasil chega à COP 30 disposto a reafirmar seu papel de protagonista na transição para uma economia verde — uma liderança construída com o suor do produtor, a ciência das universidades e o compromisso de um setor que entende que cuidar do clima é, antes de tudo, garantir o futuro da própria produção e das próximas gerações.




