Afirmação de especialista marca Fórum do IBEF Campinas sobre inteligência artificial no ambiente corporativo
A inteligência artificial pode transformar completamente a indústria de alimentos — da concepção de produtos até a gestão no ponto de venda. A avaliação é de Paulo Silveira, CEO da Foodtech Hub Latam, e uma das vozes que marcaram o Fórum Grant Thornton: Inteligência Artificial, promovido pelo IBEF Campinas Interior Paulista no último dia 26 de junho.
“O desafio está em saber capturar essa oportunidade”, pontuou Silveira, ao destacar o papel estratégico da IA na busca por mais eficiência em todas as etapas da cadeia alimentar. O evento reuniu mais de 40 executivos, empresários e especialistas para discutir os impactos e desafios da IA no ambiente corporativo.
A conversa aconteceu em formato de painel e foi moderada por Marcos Tondin, sócio da Grant Thornton e coordenador de Tecnologia e Inovação do IBEF Campinas. Também participaram Alexandre Piovesan, diretor de Soluções, Serviços e Inovação da Padtec, e Gabriel Schleder, pesquisador líder no CNPEM (LNNano).
Da estrutura de dados à inovação científica
Para Piovesan, o ponto de partida da jornada com IA ainda é um entrave para muitas empresas: a falta de estruturação de dados e de um plano claro. “Muitas organizações querem adotar inteligência artificial rapidamente, mas não estão preparadas. Falta normatização, planejamento e clareza sobre os objetivos. Isso é como o alicerce de uma casa: caro, demorado, mas essencial”, disse.
Essa preocupação com as bases também ecoa no setor de ciência. Schleder, do CNPEM, reforçou o papel da IA como aceleradora de processos e geradora de novos caminhos para a pesquisa. “A tecnologia tem um potencial criativo imenso. Ela conecta dados, gera ideias novas e orienta decisões que antes levariam anos para amadurecer”, comentou.
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O painel mostrou que, independentemente do setor, a maturidade digital ainda é desigual. Enquanto grandes instituições — como bancos e seguradoras — já contam com governança estruturada e soluções de IA implementadas, pequenas e médias empresas ainda estão nos primeiros passos. “Há um movimento crescente nas PMEs em busca de ferramentas e consultorias que ajudem a iniciar essa jornada, que não é apenas tecnológica, mas também cultural e estratégica”, avaliou Tondin.
Ética, regulamentação e papel do setor empresarial
O debate também abordou os aspectos legais da IA. Tondin destacou a importância do Projeto de Lei 2338/23, que tramita no Senado, e da observância à LGPD. “A regulamentação precisa definir com clareza os limites entre risco aceitável e inaceitável no uso de dados. Isso é essencial para proteger os direitos individuais e garantir segurança jurídica para as empresas”, alertou.
A 1ª vice-presidente do IBEF Campinas Interior Paulista, Élica Martins, celebrou o alto nível do debate e a participação ativa do público. “Foi um fórum prático, conectado à realidade das empresas e com visões complementares. O Paulo trouxe a perspectiva do mercado de alimentos, o Gabriel destacou a ciência e a inovação, o Piovesan reforçou a importância da governança de dados, e o Tondin trouxe reflexões sobre planejamento e ética. Eventos assim são fundamentais para o avanço da maturidade tecnológica nas organizações”, concluiu.