Comparadas ao gado convencional, répteis consomem menos energia, água e espaço para crescerem
Recentes descobertas científicas apontam para um possível futuro onde os seres humanos poderão olhar para as cobras não como uma fonte de medo ancestral, mas sim como uma solução para os desafios alimentares emergentes. Em um mundo onde os recursos naturais estão em declínio e a estabilidade climática é cada vez mais uma preocupação, cientistas australianos revelaram que esses répteis rastejantes podem ser uma fonte de alimento sustentável.
Comparadas ao gado convencional, as cobras consomem significativamente menos recursos, requerendo menos energia, água e espaço para crescerem. Biólogos conservacionistas da Universidade Macquarie, de Sydney, testemunharam o rápido crescimento desses animais enquanto estudavam cobras selvagens em fazendas na Tailândia e no Vietnã. Observações ao longo de um ano revelaram que as cobras atingiam o tamanho de abate em um curto período, após emergirem de seus ovos.
Dan Natusch, autor principal do estudo, ressalta a eficiência desses répteis na conversão de alimentos em proteína, destacando que demandam pouca energia para se desenvolverem. Além disso, a criação de cobras requer pouco espaço, podendo ser facilmente escalável e economicamente viável.
Outra vantagem é sua versatilidade alimentar: durante o estudo, as cobras foram alimentadas com uma variedade de fontes de proteína, incluindo resíduos de outras atividades agrícolas. Além disso, a adaptação da dieta das cobras para incluir plantas está em estudo, o que poderia tornar seu cultivo ainda mais sustentável.
A criação de cobras pode oferecer uma solução promissora para a segurança alimentar em regiões pobres, como o Sudeste Asiático, África Subsaariana e partes da América Central, mas os cientistas destacam a resistência das cobras às mudanças climáticas e sua capacidade de sobreviver a longos períodos sem comida, o que poderia torná-las uma alternativa resiliente em tempos de crise em diversas partes do mundo.
Embora algumas preocupações persistam e o consumo de carne de cobra possa não ser do agrado de todos, os defensores dessa prática argumentam que, quando bem-preparada, ela pode oferecer uma opção nutritiva, saborosa e sustentável para o futuro da alimentação global.
