Má nutrição e mudanças climáticas afetam a segurança alimentar de populações vulneráveis
O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, INCT Combate à Fome, que conta com pesquisadores de diversas áreas da USP, realiza nesta sexta-feira, dia 5, a Conferência Livre de Ciência, Tecnologia e Inovação, com o objetivo de contribuir para a discussão da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) do Governo Federal para o período de 2024 a 2030. Dirce Marchioni, professora da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora geral do INCT Combate à Fome explica o contexto do surgimento do órgão a partir dos dados alarmantes de fome no Brasil.
Segundo a especialista, cerca de 33 milhões de pessoas no Brasil estão atualmente em situação de insegurança alimentar e, além disso, há também um grande contingente da população afetada por sobrepeso e obesidade, o que demonstra os dois extremos do problema central da alimentação no País: a má nutrição. Ela destaca que a situação é um problema político, o qual exige ações estruturais e políticas públicas para amenizar a questão e assegurar maior segurança alimentar às pessoas.
De acordo com a docente, além da pandemia, que foi absolutamente grave, o Brasil sofre também com o impacto das mudanças climáticas em seu território, como as grandes secas, que afetam diretamente a saúde e segurança alimentar das populações vulneráveis.
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“Além dessa situação da fome, nós temos que discutir como garantir esse direito de uma forma a manter o equilíbrio no planeta dos ecossistemas e não ultrapassando os limites planetários. Então, temos que pensar na segurança alimentar e na saúde da população e, ao mesmo tempo, na saúde do planeta, que é um cenário que já era previsto desde a década de 50, mas que hoje estamos observando as consequências”, conta.
Nesse sentido, conta a professora, o INCT surgiu a partir de um grupo de trabalho da reitoria da USP, que convocou pesquisadores e professores para discutir problemas de políticas públicas de combate à fome. Ela explica que o objetivo da instituição é tratar a questão de segurança alimentar e combate à fome visando à promoção de alimentação adequada.
“A alimentação adequada é um direito humano, ou seja, todos devem ter acesso à alimentação de qualidade, mas isso não é um problema simples e suas raízes vão desde a produção até o consumo e descarte de alimentos. Então, o INCT pesquisa nessas áreas desde a produção agrícola até a agricultura familiar”, analisa.
Evento
O evento desta sexta tem como objetivo, além de discutir a ENCTI, elaborar propostas que subsidiem a promoção da soberania e da segurança alimentar e nutricional, com base nos critérios de justiça, sustentabilidade, resiliência e eficiência dos sistemas agroalimentares. Ela explica que os participantes vão revisitar e analisar as propostas anteriores na área de segurança alimentar para verificar quais mudanças precisam ser realizadas para melhor atender à população.
A conferência é uma realização conjunta do INCT Combate à Fome, do Grupo Nutrição e Pobreza (IEA-USP), da Rede PENSSAN e da Cátedra Josué de Castro (USP), com apoio do Saúde Planetária Brasil (IEA-USP) e do Instituto de Estudos Avançados (USP). O evento será transmitido gratuitamente pelo canal do Youtube do INCT Combate à Fome, a partir das 10 horas.
