Iniciativa já conta com a participação de 82 países e o prevê beneficiar 150 milhões de crianças com alimentação escolar até 2030
Na abertura da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, na segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, principal iniciativa da presidência brasileira no fórum global. Com a entrada da Argentina, que inicialmente era contrária a ideia, a ação já reúne 148 membros fundadores, incluindo 82 países, organizações internacionais, instituições financeiras e entidades filantrópicas, marcando um avanço histórico no enfrentamento da insegurança alimentar e da desigualdade social.
Durante o evento, o presidente destacou o simbolismo do Rio de Janeiro, “cidade dos contrastes”, para a discussão do tema. Lula enfatizou a urgência de uma ação coletiva para erradicar a fome que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) , afetou cerca de 733 milhões de pessoas em 2023. “Em um mundo onde os gastos militares superam 2,4 trilhões de dólares, é inaceitável que milhões ainda sofram com a fome,” declarou.
A iniciativa contará com bases estratégicas em cidades como Washington, Roma, Adis Abeba, Brasília e Bangkok. Esses escritórios promoverão parcerias e coordenarão ações entre os países e organizações envolvidas. Um Conselho dos Campeões, formado por lideranças mundiais, será responsável por destravar acordos e ampliar a adesão ao projeto.
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O plano ambicioso prevê alcançar, até 2030, 500 milhões de pessoas com transferência de renda, beneficiar 150 milhões de crianças com alimentação escolar, apoiar 200 milhões de mulheres e crianças na primeira infância e gerar oportunidades de emprego e empreendedorismo para 100 milhões de pessoas.
Com apoio inicial do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que anunciou um financiamento de US$ 25 bilhões, e do Banco Mundial, a aliança já começa com perspectivas financeiras promissoras. O Brasil se compromete a contribuir com 50% dos custos da governança, reforçando o compromisso do país na liderança do projeto.
A criação da Aliança Global representa uma transformação no escopo do G20, tradicionalmente focado em temas econômicos. Para o Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) Wellington Dias, a iniciativa é um marco que promove a colaboração entre países ricos e em desenvolvimento.
“A proposta coloca a erradicação da fome e da pobreza no centro da agenda global, consolidando um legado importante da presidência brasileira no G20,” afirmou.
O Grupo dos 20 (G20) é o principal fórum de cooperação econômica internacional. É composto por Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia e União Africana.
Os integrantes do grupo representam cerca de 85% da economia mundial, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população do planeta.
